quarta-feira, 12 de junho de 2013

Umbanda no fim dos tempos?

Recebi alguns e-mails perguntando o porque do meu sumiço repentino. Posso enumerar diversos fatores que contribuíram para isso mas para aqueles que aspiram a Luz Maior, não é desculpa. Quem quer arruma um jeito, quem não quer, arruma uma desculpa. Logo, nada justifica o meu sumiço repentino. Me desculpem.
Precisei sim, me afastar, rever alguns conceitos, estudar um pouco mais a Doutrina, visitar mais casas, e sim, confesso que a minha decepção pelos adeptos da religião fica cada dia mais evidente. Cada dia que passa, quero menos depender de médiuns e sim, depender única e exclusivamente de mim e dos meus mentores.
Existe um termo muito comentado dizendo “Não sou dono da verdade”, o que eu discordo, eu sou DONO sim da MINHA verdade e da minha concepção de vida, eu sou DONO da verdade que me faz bem, da verdade que me causa alegria, felicidade que me engrandece, sim, eu sou DONO de uma das VERDADES, a que me faz feliz e se adéqua ao meu modo de vida.
Visitando algumas casas, pude verificar o indizível desleixo de muitos sacerdotes, inclusive a sujeira do lugar, seja física ou espiritual, médiuns sem doutrina que ficam digladiando em toda a corrente, machucando outros médiuns, derrubando atabaques. Infelizmente é incrível quando a religião realmente se adéqua à massa, fica submersa a uma ignomínia infinita.
Sim, estou decepcionado com toda a vaidade que presencio dentro dos centros que visitei, um “mentor” querendo aparecer mais do que o outro, um médium recebendo quatro, cinco caboclos em um mesmo trabalho, um baiano que só toma bebida refinada, outra entidade dizendo que só fuma cubano.
Sim, estou indignado com a hipocrisia, com o ego, com a vaidade presente e preponderante nos terreiros, tenho saudades dos preto-velhos que se não tinha o seu fumo para acender o cachimbo, usavam de qualquer outro artifício para causar o “fumacê”, saudade dos caboclos que não exigiam Heineken ou Serra Malte, e sim, um suco para que pudessem completar sua mandinga, saudades dos exus, que não precisavam ostentar suas capas de cetim aveludado, que podiam fazer qualquer trabalho com Marafo e não “Red Label”. Saudades dos exus que trabalhavam de forma eficiente com um cigarro “Derby” e não charuto cubano importado aromático.
É minha gente… É o antropomorfismo hediondo e ignorante prevalecendo nos terreiros, é a falta de doutrina, de estudo e o oportunismo exacerbado de muitos sacerdotes e até mesmo médiuns que se aproveitam da ignorância dos que ali, desesperadamente adentram a procura de socorro.
Ultimamente o que eu ando reparando de guias “chiques”, que só tomam coisas de primeira, que exigem a sua roupa para trabalhar, que a roupa tem que ser de tecido fino, desculpem-me, se for pra depender de guias que ainda infla mais o meu ego, que não me ensina o valor da simplicidade e sim do status, ignoro e aprendo pelos meus próprios passos.
Simplicidade e Humildade não são questionáveis, qualquer imbecil sabe o que é e se essa guerra de vaidades dentro do terreiro é correta, sim, prefiro uma boa literatura a seguir exemplos tão vis.
Isso porque nem vou querer entrar no detalhe daquele show gastronômico, vamos encher a barriga do Orixá para ter o meu pedido realizado… Não consigo limitar a linha entre o fanatismo e a ignorância, infelizmente!
O maior dos problemas da Umbanda, indubitavelmente é a MISTIFICAÇÃO, seja consciente ou inconsciente.
Sei que serei criticado duramente com esse post, mas não me importo, não vivo disso, e tenho plena consciência do amor pelos meus mentores e pela seriedade que sempre levei a religião, ao contrário de muitos, não procurei desde cedo por cobrança, e sim por curiosidade e amor, a bandeira da prática da caridade, o altruísmo incondicional e o amor recíproco entre terrícolas e habitantes de outro plano.
O que infelizmente presencio hoje é um arsenal de médiuns despreparados,  com a comunicação, ou como queiram dizer, incorporação, em um estado deficiente, dando consultas, utilizando elementos de baixa vibração para trabalhar com magia, presencio “mentores” dando consulta e dizendo coisas infundáveis, desagradáveis, mentores que possuem os mesmos erros do seu próprio médium. Um guia de luz denunciando quem é que enviou a demanda, delatando familiares… Que guia de luz é esse que ao invés de solucionar o problema prefere disseminar a discórdia, a vingança e o ódio delatando quem foi o emissor da demanda? Será que eu que sou tão ignorante a ponto de discordar disso ou tem alguma coisa errada?
Me pergunto exaustivamente, onde iremos parar? Muitos vão dizer: A Espiritualidade sabe o que faz e nós em nossa limitada ignorância não devemos questionar. Sim, é a mesma desculpa que outros fanáticos de outras doutrinas utilizam para o que não podem explicar ou que suas mentes trevosas não podem conceber.
Eu realmente fico triste de como a religião mudou em 15 anos, tenho inveja daqueles que a conheceram ainda antes que eu e puderam sim, presenciar essa maravilhosa doutrina em toda sua essência, sinto imensurável tristeza e me questiono de forma exacerbada:  Onde Vamos Parar???
É médium falando: Eu tenho um pé de Dança maravilhoso, o meu guia dança que é uma beleza, sem falar em médiuns que utilizam suas pombagiras de forma demasiadamente vulgar porque não possuem a coragem de se assumirem e aceitar quem são.
Cada vez que mais adeptos adentram à religião, menos preparados estão os sacerdotes e mais banalizada fica a religião.
Importante salientar que não estou dizendo que existem casas sérias, em nome de Deus, rogo que existam, existem casas que o axé ainda é forte, que existe estudo, existe preparo, existe direção, mas são poucas, quase raras. Visitei dezenas de terreiros esse ano que passou, e posso falar com propriedade, de uns 50 visitados, 2 em minha concepção eu digo, vale a pena explorar a corrente. Obvio que desses dois, capaz de entrar e começar a fazer parte da corrente, muito “podre” será exposto, como um deles mesmo, o sacerdote dormia com os ogãns.
Saudades daquela Umbanda simples, de médiuns dedicados, daquele guia que falava e você poderia SEGUIR COM FÉ que dava certo, saudades daquelas mandigas de onde o consulente voltava pra agradecer, saudades daquela simplicidade e eficiência que havia na Umbanda.
Sinceramente, eu em minha limitada existência desconheço os desígnios da Espiritualidade, mas sou de uma filosofia deísta, Deus existe, mas outras forças atuam em nosso plano, e acho pura hipocrisia deixar essa responsabilidade para a espiritualidade, não acredito em um Deus interferente, porque senão o que seria do Livre Arbítrio?
Penso eu que a Espiritualidade está assistindo com Tristeza o futuro de tal maravilhosa religião, sem poder interferir de forma eficaz, porque o Livre Arbítrio é Sagrado, então cada um colherá o que plantou, mas até aí, o que será da Imagem da Religião?
Profundamente chateado com tudo o que eu vi, presenciei, tenho certeza que para muitos o que falei é normal, é aceitável, mas para mim que questiono e reflito sobre tudo, se for procurar bem mesmo e com calma, vão perceber que está tudo errado!
Neófito da Luz.

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