quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Caboclos

CABOCLOS
       
       São geralmente espíritos de civilizações primitivas, tais como índios: Íncas, Maias, Astecas e afins.  Foram espíritos de terras
 recém formadas e descobertas, eles formaram sociedades (tribos e aldeias), com perfeita organização estrutural, tudo era fabricados
 por eles, desde o cultivo de alimentos até a moradia.
          Como foram primitivos conhecem bem tudo que vem da terra, assim caboclos são os melhores guias para ensinar a
 importância das ervas e dos alimentos vindos da terra, além de sua utilização.
          Assim como os Pretos-velhos, possuem grande elevação espiritual, e trabalham "incorporados" a seus médiuns na Umbanda,
 dando passes e consultas, em busca de sua elevação espiritual.
          São subordinados aos Orixás, o que lhes concede uma força mestra na sua personalidade e forma de trabalho, igual aos
 Pretos-velhos.
          Quando falamos na personalidade de um caboclo ou de qualquer outro guia, estamos nos referindo a sua forma de trabalho.
          Costumam usar durante as giras, penachos e fumam charutos.  Falam de forma rústica lembrando sua forma primitiva de ser,
 dessa forma mostram através de suas danças muita beleza, própria dessa linha.
          Seus "brados", que fazem parte de uma linguagem comum entre eles, representam quase uma "senha" entre eles. 
 Cumprimentos e despedidas são feitas usando esses sons.
          Costumamos dizer que as diferenças entre eles estão nos lugares que eles dizem pertencer.  Dando como origem ou habitat
 natural, assim podemos ter:
 Caboclos da mata: Esses viveram mais próximos da civilização ou tiveram contato com elas.
 Caboclos da mata virgem: Esses viveram mais interiorizado nas matas, sem nenhum contato com outros povos.
         Assim vários caboclos se acoplam dentro dessa divisão.
          Torna-se de grande importância conhecermos esses detalhes para compreendermos porque alguns falam mais explicados que
 outros.  Mais ainda existe as particularidades de cada um, que permitem diferenciarmos um dos outros.
          A primeira é a "especialidade" de cada um, são elas: curandeiros, rezadeiros, guerreiros, os que cultivavam a terra
 (agricultores), parteiras, entre outros.
          A segunda é diferença criada pela "força da natureza" que os rege.  É o Orixá para quem eles trabalham.
          Para nós da Umbanda, é importantíssimo saber que a "personalidade" de um caboclo se dá pela junção de sua "origem",
 "especialidade" e "força da natureza" que o rege.
          E é nessa "personalidade" que centramos nossos estudos.  Assim como os Pretos-velhos, eles podem dar passe, consulta e
 correntes de energização ou participarem de descarrego, contudo sua prática da caridade se dá principalmente com a manipulação.
          Quando falamos em manipulação, estamos nos referindo desde preparo de remédios feitos com ervas, emplastos, compressas
 e banhos em geral até manipulação física, como por rezar "espinhela caída".
          Esses guias por conhecerem bem a terra, acreditam muito no valor terapêutico das ervas e de tudo que vem da terra, por isso
 as usam mais que qualquer outro guia.
          Desenvolveram com isso um conhecimento químico muito grande para fazer remédios naturais.
          Como são espíritos da mata propriamente dita, todos recebem forte influência de Oxossi, no sentido apenas do conhecimento
 químico das ervas, independente do Orixá que trabalhe.
          São espíritos que também trabalham muito com passe.  Acreditamos ser pela facilidade de locomoção, já que normalmente
 trabalham em pé.
          São também bastante necessários na hora de um descarrego, pois conseguem acoplar no médium em qualquer posição.
 Formas incorporativas e especialidade de caboclos:
 Caboclos de Oxum: Geralmente são suaves e costumam rodar, a incorporação acontece primeiro ou quase simultâneo no coração
 (interno).  Trabalham mais para ajuda de doenças psíquicas, como: depressão, desanimo entre outras.  Dão bastante passe tanto de
 dispersão quanto de energização.  Aconselham muito, tendem a dar consultas que façam pensar;  Seus passes quase sempre são de
 alívio emocional.
 Caboclos de Ogum: Sua incorporação é mais rápida e mais compactada ao chão, não rodam.  Consultas diretas, geralmente gostam de
 trabalhos de ajuda profissional.  Seus passes são na maioria das vezes para doar força física, para dar ânimo.
 Caboclos de Iemanjá: Incorporam de forma suave, porém mais rápidos do que os de Oxum, rodam muito, chegando a deixar o médium
 tonto.  Trabalham geralmente para desmanchar trabalhos, com passes, limpeza espiritual, conduzindo essa energia para o mar.
 Caboclos de Xangô: São guias de incorporações rápidas e contidas, geralmente arriando o médium no chão.  Trabalham para: emprego;
 causas na justiça; imóvel e realização profissional.  Dão também muito passe de dispersão.  São diretos para falar.
 Caboclos de Nanã: Assim como os Pretos-velhos são mais raros, mas geralmente trabalham aconselhando, mostrando o carma e como
 ter resignação.  Dão passes onde levam eguns que estão próximos.  Sua incorporação igualmente é contida, pouco dançam.
 Caboclos de Iansã: São rápidos e deslocam  muito o médium.  São diretos para falar e rápidos também, muitas das vezes pegam a
 pessoa de surpresa.  Geralmente trabalham para empregos e assuntos de prosperidade, pois Iansã tem grande ligação com Xangô. 
 No entanto sua maior função é o passe de dispersão (descarrego).  Podem ainda trabalhar para várias finalidades, dependendo da
 necessidade.
 Caboclos de Oxalá: Quase não trabalham dando consultas, geralmente dão passe de energização.  São "compactados" para incorporar e 
 se mantém localizado em um ponto do terreiro sem deslocar-se muito.
 Caboclos de Oxossi: São os que mais se locomovem, são rápidos e dançam muito.  Trabalham com banhos e defumadores, não
 possuem trabalhos definidos, podem trabalhar para diversas finalidades.  Esses caboclos geralmente são chefes de linha.
 Caboclos de Obaluaiê: São raros, pois são espíritos dos antigos "bruxos" das tribos indígenas.  São perigosos, por isso só filhos de 
 Omulu de primeira coroa possuem esses caboclos.  Sua incorporação parece um Preto-velho, locomovem-se apoiados em cajados. 
 Movimentam-se pouco.  Fazem trabalhos de magia, para vários fins.
     Muitas vezes a Umbanda é criticada e chamada de baixo espiritismo, pois seus guias fumam e bebem, mais estas críticas
 se devem a uma falta de conhecimento da magia ritual que a Umbanda pratica, desde o início, com tanta maestria e poder, e
 sempre o fará para o bem de todos.
Fonte: seu Ogum 7 Espadas

A História de seu Zé Pilintra

Os malandros têm como principal característica
de identificação, a malandragem, o amor pela noite,
pela música, pelo jogo, pela boêmia
e uma atração pelas mulheres
(principalmente pelas prostitutas, mulheres da noite, etc...).
Isso quer dizer que em vários lugares
de culturas e características regionais completamente diferentes,
sempre haverá um malandro. O malandro de Pernambuco,
dança côco, xaxado, passa a noite inteira no forró;
no Rio de Janeiro ele vive na Lapa, gosta de samba
e passa suas noites na gafieira. Atitudes regionais bem diferentes,
mas que marcam exatamente a figura do malandro.
No Rio de Janeiro aproximou-se do arquétipo
do antigo malandro da Lapa, contado em histórias,
músicas e peças de teatro. Alguns quando se manifestam
vestem-se a caráter. Terno e gravata brancos.
Mas a maioria gosta mesmo é de roupas leves, camisas de seda,
e justificam o gosto lembrando que: “a seda, a navalha não corta”.
Navalha esta que levavam no bolso, e quando brigavam,
jogavam capoeira (rabos-de-arraia, pernadas),
às vezes arrancavam os sapatos e prendiam a navalha
entre os dedos do pé, visando atingir o inimigo.
Bebem de tudo, da Cachaça ao Whisky,
fumam na maioria das vezes cigarros, mas utilizam também o charuto.
São cordiais, alegres, dançam a maior parte do tempo
quando se apresentam, usam chapéus ao estilo Panamá.
Podem se envolver com qualquer tipo de assunto e têm
capacidade espiritual bastante elevada para resolvê-los,
podem curar, desamarrar, desmanchar,
como podem proteger e abrir caminhos.
Têm sempre grandes amigos entre os que
os vão visitar em suas sessões ou festas.
Existem também as manifestações femininas da malandragem,
Maria Navalha é um bom exemplo. Manifesta-se como características
semelhantes aos malandros, dança, samba, bebe e fuma da mesma maneira.
Apesar do aspecto, demonstram sempre muita feminilidade,
são vaidosas, gostam de presentes bonitos, de flores
principalmente vermelhas e vestem-se sempre muito bem.
Ainda que tratado muitas vezes como Exu,
os Malandros não são Exus. Essa idéia existe porque quando
não são homenageados em festas ou sessões particulares,
manifestam-se tranqüilamente nas sessões de Exu e parecem um deles.
Os Malandros são espíritos em evolução, que após um determinado tempo
podem (caso o desejem) se tornarem Exus.
Mas, desde o início trabalham dentro da linha dos Exus.
Pode-se notar o apelo popular e a simplicidade das palavras
e dos termos com os quais são compostos os pontos
e cantigas dessas entidades. Assim é o malandro, simples,
amigo, leal, verdadeiro. Se você pensa que pode enganá-lo,
ele o desmascara sem a menor cerimônia na frente de todos.
Apesar da figura do malandro, do jogador, do arruaceiro,
detesta que façam mal ou enganem aos mais fracos.
Com sua tradicional vestimenta: Calça Branca,
sapato branco (ou branco e vermelho), seu terno branco,
sua gravata vermelha, seu chapéu branco com uma fita vermelha
ou chapéu de palha e finalmente sua bengala.
Gosta muito de ter sua roupa completa, é muito vaidoso,
tem duas características marcantes:
Uma é de ser muito brincalhão, gosta muito de dançar,
gosta muito da presença de mulheres, gosta de elogiá-las, etc...
Outra é ficar mais sério, parado num canto assim como sua imagem,
gosta de observar o movimento ao seu redor
mas sem perder suas características.
Às vezes muda um pouco, pede uma outra roupa,
um terno preto, calças e sapatos também pretos, gravata vermelha
e às vezes até cartola. Em alguns terreiros ele usa até uma capa preta.
E outra característica dele é continuar com a mesma roupa da direita,
com um sapato de cor diferente, fuma cigarros, cigarrilhas ou até charutos,
bebe batidas, pinga de coquinho, marafo, conhaque e uísque, rabo-de-galo;
é sempre muito brincalhão, extrovertido.
Seu ponto de força é na subida de morros, esquinas, encruzilhadas
e até em cemitérios, pois ele trabalha muito com as almas,
assim como é de característica na linha dos pretos velhos e exus.
Sua imagem costuma ficar na porta de entrada dos terreiros,
pois ele também toma conta das portas, das entradas, etc...
É muito conhecido por sua irreverência,
suas guias podem ser de vários tipos, desde coquinhos com olho de Exu,
até vermelho e preto, vermelho e branco ou preto e branco.
História de Zé Pilintra
José dos Anjos, nascido no interior de Pernambuco,
era um negro forte e ágil, grande jogador e bebedor,
mulherengo e brigão. Manejava uma faca como ninguém,
e enfrentá-lo numa briga era o mesmo que assinar o atestado de óbito.
Os policiais já sabiam do perigo que ele representava.
Dificilmente encaravam-no sozinhos, sempre em grupo e mesmo assim
não tinham a certeza de não saírem bastante prejudicados
das pendengas em que se envolviam.
Não era mal de coração, muito pelo contrário, era bondoso,
principalmente com as mulheres, as quais tratava como rainhas.
Sua vida era à noite. Sua alegria, as cartas, os dadinhos a bebida,
a farra, as mulheres e por que não, as brigas.
Jogava para ganhar, mas não gostava de enganar os incautos,
estes sempre dispensava, mandava embora, mesmo que precisasse
dar uns cascudos neles. Mas ao contrário, aos falsos espertos,
os que se achavam mais capazes no manuseio das cartas e dos dados,
a estes enganava o quanto podia e os considerava os verdadeiros otários.
Incentivava-os ao jogo, perdendo de propósito quando
as apostas ainda eram baixas e os limpando completamente
ao final das partidas. Isso bebendo aguardente, cerveja,
vermouth, e outros alcoólicos que aparecessem.
No Nordeste do País, mas precisamente em Recife
(na região que conhecemos como Catimbó),
ainda que nas vestes de um malandrão, a figura de Zé Pilintra,
tem uma conotação completamente diferente. Lá, ele é doutor,
é curador, é Mestre e é muito respeitado.
Em poucas reuniões não aparece seu Zé.
O reino espiritual chamado “Jurema”,
é o local sagrado onde vivem os Mestres do Catimbó,
religião forte do Nordeste, muito aproximada da Umbanda,
mas que mantém suas características bem independentes.
Na Jurema, Seu Zé, não tem a menor conotação de Exu,
a não ser quando a reunião é de esquerda,
por que o Mestre tem essa capacidade.
Tanto pode vir na direita ou na esquerda.
Quando vem na esquerda, não é que venha para praticar o mal,
é justamente o contrário, vem revestido desse tipo de energia
para poder cortá-la com mais propriedade e assim ajudar
mais facilmente aos que vem lhe rogar ajuda.
No Catimbó, Seu Zé usa bengala, que pode ser qualquer cajado,
fuma cachimbo e bebe cachaça. Dança côco, Baião e Xaxado,
sorri para as mulheres, abençoa a todos,
que o abraçam e o chamam de padrinho.