quinta-feira, 30 de junho de 2011

Oração a Pai Xangô

     Amado Pai Xangô, Justiça Divina do Criador Olorum!
     Rogamos a Vós, Querido Pai, que nos irradie e nos envolva com Vossos fluidos energéticos ígneos, equilibrando-nos e harmonizando-nos em todos os sentidos. Traga força e Luz em nossos caminhos, para que nelas vivamos e as usemos em benefício de nossos semelhantes, com Justiça e Amor.
     Aqueça-nos, ó Pai Divino, com Vosso calor sagrado, expandindo nosso campo de ação e estimulando em nós sentimentos nobres, para que nos tornemos luzes calorosas, ajuizadas e sensatas do nosso Divino Criador.
     Estimule em nós, Pai Xangô, o aquecimento de nossos corações, para que vibremos sentimentos justos, sábios e equilibrados, livrando-nos das trevas, para que sempre sirvamos à Luz e à lei Divina.
     Acolha-nos em Vossa Luz, dando-nos sabedoria, conhecimento e oportunidade, para eliminarmos as pedras e os espinhos que por ventura encontremos em nossa caminhada. Traga-nos força e proteção, para que nossos caminhos sejam abertos e sem tropeços e nossos pensamentos e sentimentos íntimos sejam abençoados e amparados pela Lei.
     Vós que sois o Juiz da Lei Divina, Pai Amado, anule as magias negativas dirigidas contra nós, pesando-as em Vossa balança e purificando os pecadores em vossa chama sagrada, de acordo com o merecimento de cada um.
     Ajoelhamos diante de Vós, Justiça Divina da Lei Maior, e pedimos por nós, por nossos familiares e amigos e por todos os seres ligados a nós pelos cordões invisíveis da vida.
      Estenda a Vossa Luz, ó Pai Xangô, a todos aqueles que caminham na escuridão dos instintos e emoções negativas da matéria ou do espírito, para que eles tenham a oportunidade de descobrir Vosso calor, equilíbrio e Justiça Divina.
Livre-nos, Pai, da escravização às emoções e aos instintos, refreando e transmutando nossos sentimentos e atitudes negativos, para que nos tornemos amorosos, fraternos, bondosos, benevolentes e tolerantes com os nossos semelhantes.
     Abençoe-nos, Pai da Justiça Divina!
     Kaô Kabecilê, amado Pai Xangô!

Para que servem os colares usados na Umbanda

     Um colar é em si um círculo e é um espaço mágico poderoso, se for consagrado corretamente.
     Então, supondo que os seus colares tenham sido consagrados corretamente, vamos aos comentários necessários para que você comece a usá-los com mais respeito e trate-os como objetos sacros de sua religião: a Umbanda.
     Sabemos que não existem comentários sobre os muitos tipos de espaços-mágicos usados pelos praticantes de magia.
     Sabemos que usam o triângulo; o duplo triângulo entrelaçado, o pentagrama, etc, mas também que seus fundamentos ocultos ou esotéricos não foram revelados ou comentados por nenhum autor umbandista.
     Bem, o fato é que o círculo é um espaço mágico, e um colar é um círculo, ainda que maleável, pois se movimenta ao redor do pescoço da pessoa que o está usando. Por isso, chamamos os colares de círculos maleáveis.
     E, por ser um espaço mágico fechado, se devidamente consagrado, é um espaço mágico permanente e que “trabalha” o tempo todo recolhendo e enviando para outras dimensões ou faixas vibratórias as cargas energéticas projetadas contra o seu usuário.
     Como ele é um círculo, então o espaço mágico formado dentro dele é multidimensional e interage com todas as dimensões, planos e faixas vibratórias, enviando para eles as cargas energéticas projetadas contra o seu usuário.
·         Ele interage com as dimensões elementais.
·         Ele interage com as dimensões puras.
·         Ele interage com as dimensões bielementais.
·         Ele interage com as dimensões trielementais.
·         Ele interage com as dimensões tetraelementais.
·         Ele interage com as dimensões pentaelementais.
·         Ele interage com as dimensões hexaelementais.
·         Ele interage com as dimensões heptaelementais.
     E, quando o seu usuário o coloca no pescoço, ele começa a puxar para dentro do espaço mágico (que é em si) as irradiações projetadas desde outras faixas vibratórias negativas, dimensões ou planos da vida, recolhendo-as e enviando-as de volta às suas origens.
     Os guias espirituais, quando consagram colares para os seus médiuns ou para os consulentes, para serem usados como protetores, imantam esses colares com uma vibração específica que os tornam repulsores ou anuladores de projeções energéticas negativas, mas não os tornam espaços mágicos em si porque, para fazerem isso, teriam de ir a locais específicos da natureza e, ali, abrir campos consagratórios também específicos e imantá-los com as vibrações divinas dos seus orixás correspondentes, dotando-os de poderes mágicos multidimensionais.
     Mas, como os fundamentos consagratórios internos estavam fechados ao plano material até agora, então eles faziam isso de forma velada quando seus médiuns iam oferendá-los, ou aos orixás, nos campos vibratórios na natureza.
     Os guias espirituais sempre respeitaram o silêncio sobre a consagração interna e sempre fizeram o que tinham de fazer de forma que os seus médiuns não percebiam que, ao tirarem os colares do pescoço, trabalhando-os na verdade estavam imantando-os com as vibrações elementais e divinas existentes nos pontos de forças da natureza.
     Então, agora você já sabe que o seu colar de cristais, porcelana, sementes, dentes, etc. não é só um adereço de enfeite ou identificador dos seus orixás ou de seus guias espirituais, mas que, se corretamente consagrado, é um espaço mágico circular, certo?
     E também sabe que, se for confeccionado com elementos colhidos na natureza, é mais poderoso que os feitos com elementos artificiais ou industrializados.
    

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Xangô



Senhor do Raio, Senhor das Almas ou Senhor Dirigente das Almas
São Jerônimo – Xângo Agodô = Rei da Cachoeira, Senhor da Justiça, Rei das Pedreiras, dos Raios e Trovões e das Forças da Natureza.
São Pedro – Xângo Agajô = Protetor das Almas que entram no céu.
São João Batista – Xangô Kaô = Protetor dos que sofrem injustiças, Senhor Chefe das Falanges do Oriente. (Ori=Cabeça) Rei da Cachoeira, Senhor da Justiça, Rei das Pedreiras, dos Raios e Trovões e das Forças da Natureza.
Talvez estejamos diante do Orixá mais cultuado e respeitado no Brasil. Isso porque foi ele o primeiro Deus Iorubano, por assim dizer, que pisou em terras brasileiras.
Xangô é um Orixá bastante popular no Brasil e às vezes confundido como um Orixá com especial ascendência sobre os demais, em termos hierárquicos. Essa confusão acontece por dois motivos: em primeiro lugar, Xangô é miticamente um rei, alguém que cuida da administração, do poder e, principalmente, da justiça – representa a autoridade constituída no panteão africano. Ao mesmo tempo, há no norte do Brasil diversos cultos que atendem pelo nome de Xangô. No Nordeste, mais especificamente em Pernambuco e Alagoas, a prática do candomblé recebeu o nome genérico de Xangô, talvez porque naquelas regiões existissem muitos filhos de Xangô entre os negros que vieram trazidos de África. Na mesma linha de uso impróprio, pode-se encontrar a expressão Xangô de Caboclo, que se refere obviamente ao que chamamos de Candomblé de Caboclo.
Xangô é pesado, íntegro, indivisível, irremovível; com tudo isso, é evidente que um certo autoritarismo faça parte da sua figura e das lendas sobre suas determinações e desígnios, coisa que não é questionada pela maior parte de seus filhos, quando inquiridos.
Suas decisões são sempre consideradas sábias, ponderadas, hábeis e corretas. Ele é o Orixá que decide sobre o bem e o mal. Ele é o Orixá do raio e do trovão.
Na África, se uma casa é atingida por um raio, o seu proprietário paga altas multas aos sacerdotes de Xangô, pois se considera que ele incorreu na cólera do Deus. Logo depois os sacerdotes vão revirar os escombros e cavar o solo em busca das pedras-de-raio formadas pelo relâmpago. Pois seu axé está concentrado genericamente nas pedras, mas, principalmente naquelas resultantes da destruição provocada pelos raios, sendo o Meteorito é seu axé máximo.
Xangô tem a fama de agir sempre com neutralidade (a não ser em contendas pessoais suas, presentes nas lendas referentes a seus envolvimentos amorosos e congêneres). Seu raio e eventual castigo são o resultado de um quase processo judicial, onde todos os prós e os contras foram pensados e pesados exaustivamente. Seu Axé, portanto está concentrado nas formações de rochas cristalinas, nos terrenos rochosos à flor da terra, nas pedreiras, nos maciços. Suas pedras são inteiras, duras de se quebrar, fixas e inabaláveis, como o próprio Orixá.
Xangô não contesta o status de Oxalá de patriarca da Umbanda, mas existe algo de comum entre ele e Zeus, o deus principal da rica mitologia grega. O símbolo do Axé de Xangô é uma espécie de machado estilizado com duas lâminas, o Oxé, que indica o poder de Xangô, corta em duas direções opostas. O administrador da justiça nunca poderia olhar apenas para um lado, defender os interesses de um mesmo ponto de vista sempre. Numa disputa, seu poder pode voltar-se contra qualquer um dos contendores, sendo essa a marca de independência e de totalidade de abrangência da justiça por ele aplicada.
Segundo Pierre Verger, esse símbolo se aproxima demais do símbolo de Zeus encontrado em Creta. Assim como Zeus, é uma divindade ligada à força e à justiça, detendo poderes sobre os raios e trovões, demonstrando nas lendas a seu respeito, uma intensa atividade amorosa.
Outra informação de Pierre Verger especifica que esse Oxé parece ser a estilização de um personagem carregando o fogo sobre a cabeça; este fogo é, ao mesmo tempo, o duplo machado, e lembra, de certa forma a cerimônia chamada ajerê, na qual os iniciados de Xangô devem carregar na cabeça uma jarra cheia de furos, dentro da qual queima um fogo vivo, demonstrando através dessa prova, que o transe não é simulado.
Xangô portanto, já é adulto o suficiente para não se empolgar pelas paixões e pelos destemperos, mas vital e capaz o suficiente para não servir apenas como consultor.
Outro dado saliente sobre a figura do senhor da justiça é seu mau relacionamento com a morte. Se Nanã é como Orixá a figura que melhor se entende e predomina sobre os espíritos de seres humanos mortos, Eguns, Xangô é que mais os detesta ou os teme. Há quem diga que, quando a morte se aproxima de um filho de Xangô, o Orixá o abandona, retirando-se de sua cabeça e de sua essência, entregando a cabeça de seus filhos a Obaluaiê e Omulu sete meses antes da morte destes, tal o grau de aversão que tem por doenças e coisas mortas.
Deste tipo de afirmação discordam diversos babalorixás ligados ao seu culto, mas praticamente todos aceitam como preceito que um filho que seja um iniciado com o Orixá na cabeça, não deve entrar em cemitérios nem acompanhar a enterros.
Tudo que se refere a estudos, as demandas judiciais, ao direito, contratos, documentos trancados, pertencem a Xangô.
Xangô teria como seu ponto fraco, a sensualidade devastadora e o prazer, sendo apontado como uma figura vaidosa e de intensa atividade sexual em muitas lendas e cantigas, tendo três esposas: Obá, a mais velha e menos amada; Oxum, que era casada com Oxossi e por quem Xangô se apaixona e faz com que ela abandone Oxossi; e Iansã, que vivia com Ogum e que Xangô raptou.
No aspecto histórico Xangô teria sido o terceiro Aláfin Oyó, filho de Oranian e Torosi, e teria reinado sobre a cidade de Oyó (Nigéria), posto que conseguiu após destronar o próprio meio-irmão Dada-Ajaká com um golpe militar. Por isso, sempre existe uma aura de seriedade e de autoridade quando alguém se refere a Xangô.
Conta a lenda que ao ser vencido por seus inimigos, refugiou-se na floresta, sempre acompanhado da fiel Iansã, enforcou-se e ela também. Seu corpo desapareceu debaixo da terra num profundo buraco, do qual saiu uma corrente de ferro – a cadeia das gerações humanas. E ele se transformou num Orixá. No seu aspecto divino, é filho de Oxalá, tendo Iemanjá como mãe.
Xangô também gera o poder da política. É monarca por natureza e chamado pelo termo obá, que significa Rei. No dia-a-dia encontramos Xangô nos fóruns, delegacias, ministérios políticos, lideranças sindicais, associações, movimentos políticos, nas campanhas e partidos políticos, enfim, em tudo que gera habilidade no trato das relações humanas ou nos governos, de um modo geral.
Xangô é a ideologia, a decisão, à vontade, a iniciativa. É a rigidez, organização, o trabalho, a discussão pela melhora, o progresso social e cultural, a voz do povo, o levante, à vontade de vencer. Também o sentido de realeza, a atitude imperial, monárquica. É o espírito nobre das pessoas, o chamado “sangue azul”, o poder de liderança. Para Xangô, a justiça está acima de tudo e, sem ela, nenhuma conquista vale a pena; o respeito pelo Rei é mais importante que o medo.
Xangô é um Orixá de fogo, filho de Oxalá com Iemanjá. Diz a lenda que ele foi rei de Oyó. Rei poderoso e orgulhoso e teve que enfrentar rivalidades e até brigar com seus irmãos para manter-se no poder.
A finalidade principal desta linha é fazer caridade, implantando a justiça e os sentimentos que lhe são entregues. Sua essência é ígnea, manifesta-se nas montanhas rochosas, pedreiras e energiza a estabilidade constante vibrando na musculatura e na razão.
É cultuado nas montanhas e pedreiras e aceita como oferenda cerveja preta, vinho branco doce, melão, abacaxi, rabada de boi e é firmado com velas brancas e marrons. Simbolizado pela cor marrom e figurativamente pelo desenho de um machado com dois cortes. Irradia justiça e racionalidade, flui resignação, obediência e submissão e seu oposto é Iansã.
Xangô exerce uma influêcia muito forte em seu filho. Todos os Orixás, evidentemente, são justos e transmitem este sentimento aos seus filhos. Entretanto, em Xangô, a Justiça deixa de ser uma virtude, para passar uma obsessão, o que faz de seu filho um sofredor, principalmente porque o parâmetro da Justiça é o seu julgamento e não o da Justiça Divina, quase sempre diferente do nosso, muito terra. Esta análise é muito importante.
O filho de Xangô apresenta um tipo firme, enérgico, seguro e absolutamente austero. Sua fisionomia, mesmo a jovem, apresenta uma velhice precoce, sem lhe tirar, em absoluto, a beleza ou a alegria. Tem comportamento medido. É incapaz de dar um passo maior que a perna e todas as suas atitudes e resoluções baseiam-se na segurança e chão firme que gosta de pisar. É tímido no contato mas assume facilmente o poder do mando. É eterno conselheiro e não gosta de ser contrariado, podendo facilmente sair da serenidade para a violência, mas tudo medido, calculado e esquematizado. Acalma-se com a mesma facilidade quando sua opinião é aceita. Não guarda rancor. A discrição faz de seus vestuários um modelo tradicional.
Quando o filho de Xangô consegue equilibrar o seu senso de Justiça, transferindo o seu próprio julgamento para o Julgamento Divino, cuja sentença não nos é permitido conhecer, torna-se uma pessoa admirável. O medo de cometer injustiças muitas vezes retarda suas decisões, o que, ao contrário de lhe prejudicar, só lhe traz benefícios. O grande defeito dele é julgar os outros. Se aprender a dominar esta característica, torna-se um legítimo representante do Homem Velho, Senhor da Justiça, Rei da Pedreira. Por falar em pedreira, adora colecionar pedras.
Xangô era filho de Oranian, valoroso guerreiro, cujo corpo era branco à esquerda e preto à direita.
Xangô tinha um oxé – machado de duas lâminas; tinha também um saco de couro, pendurado no seu ombro esquerdo. Nele estavam os elementos do seu axé: aquilo que ele engolia para cuspir fogo e amedrontar seus adversários, e as pedras de raio com as quais ele destruia as casas de seus inimigos.
Assim que ficou adulto, Xangô partiu em busca de aventuras gloriosas. O primeiro lugar que Xangô visitou chamava-se Kossô. Ali chegando, todos de Kossô vieram lhe pedir clemência, gritando: “Kabiyesi Xangô, Kawo Kabiyesi Xangô Obá Kossô!” (vamos todos ver e saudar Xangô, o Rei de Kossô!).
Assim ele pôs-se à obra; realizava trabalhos úteis à comunidade e fazia as coisas com alma e dignidade. Mas esta vida calma não convinha à Xangô. Ele adorava as viagens e as aventuras. Assim, partiu novamente e chegou à cidade de Irê, onde morava Ogum.
Ogum o terrível guerreiro; Ogum o poderoso ferreiro. Ogum estava casado com Iansã, senhora dos ventos e tempestades. Ela ajudava Ogum na forja, carregando suas ferramentas e atiçando o fogo com os sopradores. Xangô gostava de ver Ogum trabalhar; vez por outra, ele olhava para Iansã. Iansã também olhava para Xangô.
Xangô era vaidoso e cuidava muito de sua aparência, a ponto de trançar seus cabelos e furar suas orelhas, onde pendurava grandes argolas de ouro. Usava braceletes e colares de contas vermelhas e brancas.
Muito impressionada pela distinção e pelo brilho de Xangô, Iansã foi-se embora com ele tornando-se sua primeira mulher.
São Jerônimo, sincretizado com Xangô no Brasil, nasceu de uma família abastada, provavelmente no ano 331, na cidade de Stridova, entre a Croácia e a Hungria.
Estudou em Roma, especializando-se na arte da oratória.
Como sua juventude fora dedicada à vida mundana, Jerônimo tardou seu batizado e, em carta ao papa, ele vislumbrou para si um batismo de fogo no qual suas máculas seriam queimadas. Após ter copiado dois livros de Santo Hilário, ele decidiu estudar teologia. Mas sua leitura favorita continuava a ser a literatura dos grandes legisladores e oradores, como Cícero.
Aos 43 anos, ele esteve muito doente e permaneceu muito tempo acamado, durante a Quaresma, jejuou e teve visões, vendo-se diante do trono do Senhor.
Resolve dedicar-se a uma vida monástica, isolando-se no deserto de Marônia, na Síria. Livros, penas e nanquim são seus companheiros.
Para combater a pensamentos impuros, pegava uma pedra e batia em seu peito, punindo-se, logo após voltava a escrever em hebraico, onde se tornou mestre nessa língua.
O sincretismo entre Xangô e São Jerônimo está no temperamento forte, crítico e na medida que ambos são conhecedores de leis e mandamentos. Xangô tem como lugar as pedreiras.
Sua imagem é representada por um ancião sentado sobre as pedras, segurando a tábua dos 10 Mandamentos e com um leão ao lado.
Xangô tem sua falange também, o mais conhecido é Xangô Kaô.

A Cabocla Jupira

A Cabocla Jupira, guerreira e flecheira, de forte vibração e rude. Diz sua história que  dentro da linhagem dos Caboclos, a Cabocla Jupira é a primeira filha da Cabocla Jurema com o Caboclo Sete-Flechas. Irmã de Jandira, Jacira e Jaciara.
Na verdade esta mitologia serve para elucidar o seguinte. A energia vibracional da Cabocla Jurema vibra com Iansã, por ser a filha "primeira" ela descende de sua energia pura, sendo assim Jupira é uma cabocla Iansã com Oxossi, energia herdada do Caboclo Sete-Flechas. Enquanto a Jandira, Jacira e Jacira fundem -se em energias de outros Orixás.
Em terra a Cabocla Jupira tem uma postura muito firme, com olhos cerrados, diferente de outras caboclas quase não dança e é uma das únicas que usa penacho, pois representa a Coroa de sua Mãe Jurema, a Rainha   das Matas e Florestas. Jupira é a princesa das matas, guerreira que mora no Jacutá nome dado ao ponto de força de Iansã. Trabalha em descarrego e principalmente na limpeza dos ambientes. Sua cores principais são o Amarelo, Verde e Vermelho, podendo usar o Azul Anil. Por se ligar a Iansã não é difícil vê-la em giras pra Xangô.

Pontos Cabocla Jupira 
Estava Em Festa...
Toda Floresta Estava Em Festa
Porque Cantou
O Uirapuru!
No Seu Cantar Ele Veio Anunciar
Pois A Cabocla Jupira Vai Baixar!
Ela vem de longe, de longe                          
lá do Jacutá.
No capacete três penas
no braço uma Cobra Coral
Ela é a cabocla Jupira
Cabocla primeira
da força da Jurema, aqui desmancha todo mal



sexta-feira, 10 de junho de 2011

Contando mais um pouco da Umbanda

Sabemos que a primeira entidade a se manifestar no médium Zélio Fernandino de Moraes foi o Caboclo das Sete Encruzilhadas e agora vamos contar como foi a manifestação do Preto Velho no mesmo médium.
    
     Quando Ronaldo Linares efetuou os primeiros contatos com Zélio de Moraes, indagou sobre a origem do ritual umbandista, e ele fez os seguintes esclarecimentos: o rito nasceu naturalmente, como conseqüência, principalmente, da presença do índio e do elemento negro, não tanto pela presença física do negro, mas sim pela presença do Preto-Velho incorporado, e, para ser mais preciso, no mesmo dia da primeira sessão, em 16 de novembro de 1908, Zélio incorporou Pai Antônio pela primeira vez. O Caboclo das Sete Encruzilhadas havia avisado que subiria para dar passagem a outra entidade que desejava se manifestar.
     Assim, manifestou-se no corpo de Zélio de Moraes o espírito do velho ex-escravo, que parecia se sentir pouco à vontade diante de tanta gente e que, recusando-se a permanecer na mesa onde ocorrera a incorporação, procurava passar despercebido, humilde, curvado, o que dava ao jovem Zélio um aspecto estranho, quase irreal. Essa entidade parecia tão pouco à vontade que logo despertou um profundo sentimento de compaixão e de solidariedade entre os presentes. Perguntado então por que não se sentava à mesa com os demais irmãos encarnados, respondeu: Nego num senta não, meu sinhô, nego fica aqui mesmo. Isso é coisa de sinhô branco i nego deve arrespeitá...
     Era a primeira manifestação desse espírito iluminado, mas a morte que não retoca seu escolhido, mudando-o para o bem ou para o mal, não havia afastado desse injustiçado o medo que ele tantas vezes havia sentido ante à prepotência do branco escravagista e, ante a insistência dos seus interlocutores, disse: Num carece preocupá não, nego fica no toco que é lugá di nego... Procurava, assim, demonstrar que se contentava em ocupar um lugar mais singelo, para não melindrar nenhum dos presentes.
     Indagado sobre o seu nome, disse que era “Tonho”, um preto escravo que, na senzala, era chamado de Pai Antônio. Surgiu, assim, a forma de chamar os Pretos –Velhos de Pai.
     Perguntado sobre como havia sido a sua morte, disse que havia ido à mata apanhar lenha, sentiu alguma coisa estranha, sentou-se e de nada mais se lembrava.
     Sensibilizado com tanta humildade, alguém lhe perguntou, respeitosamente: “Vovô, o senhor tem saudade de alguma coisa que deixou ficar na Terra”? E este respondeu: Minha cachimba, nego qué o pito que deixou no toco... Manda muréque buscá. Grande espanto tomou conta dos presentes. Era a primeira vez que algum espírito pedia alguma coisa de material, e a surpresa foi logo substituída pelo desejo de atender ao pedido do velhinho. Mas ninguém tinha um cachimbo para ceder-lhe.
     Na reunião seguinte, muitos pensaram no pedido, e uma porção de cachimbos dos mais diferentes tipos apareceu nas mãos dos freqüentadores da casa, incluindo alguns médiuns que haviam sido afastados de centros kardecistas, justamente porque haviam permitido a incorporação de índios, pobres ou pretos como aquele e que, solidários, buscavam na nova casa a Tenda Nossa Senhora da Piedade, a oportunidade que lhws fora negada em seus centros de origem. A alegria do velhinho em poder pitar novamente o seu cachimbo logo seria repetida, quando os outros médiuns já mencionados também passaram livremente a permitir a presença de seus Caboclos, de seus Pretos-Velhos e das demais entidades consideradas não doutas pelos kardecistas de então, pobres tolos preconceituosos que confundiam cultura com bondade.
     Desse fato surgiu um ponto de Preto-Velho muito cantado nos terreiros de Umbanda:
    
     Minha cachimba ta no toco
     Manda muréque buscá
     Minha cachimba ta no toco
     Manda muréque buscá
     No alto da derrubada
     Minha cachimba ficou lá
     No alto da derrubada
     Minha cachimba ficou lá.
  
     Foi dessa maneira que foi introduzido na “mesa” espírita o primeiro rito. Outros lhe seguiram, por exemplo, quando houve a informação de que  os índios tinham o hábito de fumar, pois foram eles quem primeiro descobriram as propriedades dessa planta que, enrolada em um enorme charuto, era usada coletivamente por todos os participantes de seus cultos religiosos, sendo dessa forma uma espécie de planta sagrada.
     Desde que haja moderação e cautela, negar o pito ao Preto-Velho seria hoje uma grande maldade. Entretanto, deve-se sempre ter em mente que o seu uso deve ater-se somente ao rito, evitando os abusos e as deturpações que testemunhamos constantemente, não raras vezes tocando as raias do absurdo e do escândalo, para desprestígio desta religião que nasceu sob o signo da Paz e do Amor.
     Atualmente, sabe-se que o uso do fumo pelas entidades incorporadas tem o efeito purificador, quando estas atendem algum consulente com problemas espirituais. A fumaça age como um desagregador de maus fluídos, atingindo o corpo astral dos espíritos obsessores. Além disso, a fumaça produzida pelos charutos e pelo fumo dos cachimbos cria um escudo de proteção para a aura do médium.
     Por extensão desses hábitos incorporados ao terreiro, passou-se a oferecer doces às crianças incorporadas. Contudo, o que é usual nesses casos, naturalmente influindo desta ou daquela forma nas demais incorporações, sempre tem o objetivo de tratar os espíritos incorporantes como velhos e queridos amigos a quem recebemos com grande satisfação.
     Com a “liberdade” trazida pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas, as pessoas afugentadas da elitizada mesa kardecista passaram a freqüentar a nova religião.